Diário nos Bairros

Há 58 anos, Alfaiataria Daronco mantém a tradição sob medida

Dandara Flores Aranguiz

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A máquina de costura com mais de meio século é a maior companheira de profissão. São quase 59 anos de um trabalho que resistiu ao tempo e à modernização da produção. Para Alvorino Antônio Daronco, ser alfaiate é mais do que um ofício – é a preservação de uma história.

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Tudo começou em agosto de 1957, quando seu Daronco, como é conhecido, abriu a alfaiataria na Rua Marechal Deodoro, no bairro Itararé, depois que se mudou de Ivorá, cidade natal, para Santa Maria. Na época, ele acabara de prestar serviço militar e, logo depois de fazer o curso de alfaiataria, dedicou-se ao ramo da costura. Hoje, com 80 anos, ele ainda se debruça, sem pressa, com a linha e a agulha, na confecção de ternos de forma artesanal e sob medida.

– Nunca fechamos a loja. Está sempre aberta, de segunda-feira a sábado. Nunca tirei férias também. Quando tinha mais serviço, a gente pegava tudo o que podia. Teve épocas em que eu fazia até 16 horas de trabalho por dia, aí não dá para pensar em ir para a praia, pois segunda-feira tinha que voltar para o serviço, né? – brinca Daronco.

Ao som do rádio, os pontos habilidosamente calculados dão o caimento perfeito às peças. Mas, nem sempre, exercer a profissão foi fácil. Até meados da década de 1960, a falta de energia elétrica prolongava as tarefas, já que a luz era cortada na maior parte do dia.

– Só tinha luz das 6h às 9h e das 18h às 21h. Então, durante boa parte do dia, não tinha energia. Tinha que colocar carvão no ferro de passar roupa e usar lampião. Trabalhamos assim até 1966, mais ou menos. Várias roupas, a gente deixava cair uma brasinha e tinha que fazer de novo – lembra.

E durante todos esses anos, algumas personalidades já passaram pelas mãos de seu Daronco. O bispo dom Luiz Victor Sartori, fundador da Rádio Medianeira e responsável, em 1969, por organizar a comissão pró-construção do Santuário e Altar Monumento da Basílica da Medianeira, foi um de seus clientes famosos. O atual vice-prefeito, José Haidar Farret, é um dos políticos de Santa Maria que fazem ternos com Daronco até hoje.

– Hoje, o movimento é mais calmo. Mas, antigamente, ficávamos na lida até mais tarde. Tudo para dar os estudos para os cinco filhos. São o meu maior orgulho – comenta.

Dos filhos, o caçula é bem conhecido no cenário esportivo: Anderson Daronco, que, em 2015, foi considerado o melhor árbitro do Campeonato Brasileiro.

O segredo para o sucesso em uma profissão tão antiga? Para o alfaiate, é preciso gostar daquilo que faz. E assim, em meio a tecidos e tesouras, e pelas mãos de Daronco, a profissão resiste aos avanços do tempo e das inovações.

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